Se a sua clínica não está no digital, ela está ficando invisível. Segundo a pesquisa TIC Saúde 2024, 51% dos brasileiros que usam a internet buscaram informações sobre saúde online no último ano. Isso mostra que, antes mesmo de marcar uma consulta, o paciente pesquisa, compara e decide com base no que encontra. Se a sua clínica não aparece, ela simplesmente não existe para esse paciente.
Muitos médicos ainda têm receio de investir em marketing digital por medo de parecerem comerciais ou estarem se expondo demais. Mas há formas éticas e estratégicas de se posicionar. E mais do que necessário, isso já é uma exigência para quem quer crescer com segurança.
Neste artigo, você vai entender:
- Por que o marketing médico é essencial para a jornada do paciente moderno
- Quem é o novo paciente digital?
- Os maiores erros dos profissionais da saúde
- Como construir uma presença coerente, ética e estratégica
O que é marketing médico e o que ele não é
Marketing médico não é autopromoção. É comunicação estratégica, pautada pela ética, que informa e aproxima o paciente. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), médicos podem, e devem, utilizar as redes para fins informativos e educativos, desde que respeitem as regras do Manual de Publicidade Médica. Isto é, reconhecer que seu principal objetivo não é vender, é informar, educar e construir confiança, ou seja:
- Divulgar informações corretas e úteis à saúde da população;
- Criar conexões reais com pacientes e colegas da área;
- Demonstrar autoridade técnica com clareza e responsabilidade;
- Tornar o médico mais acessível e confiável aos olhos de quem busca ajuda.
O que não é marketing médico:
- Fazer promessas de cura ou resultados garantidos;
- Exibir exageros ou linguagem sensacionalista;
- Transformar o consultório em um palco para autopromoção;
- Usar fotos e depoimentos de pacientes de forma irresponsável.
Leia mais em: Resolução CFM 2.336/23
Quem é o novo paciente digital?
Durante uma live promovida pela eMed com a especialista em marketing médico Cláudia Flehr, alguns dados relevantes de uma pesquisa com pacientes foram apresentados. Entre os principais informam que:
- 72% querem ver conteúdo informativo sobre saúde
- 10% dos pacientes querem ver prova social
- 80% acham que os perfis médicos parecem montados, pois muitas vezes os médicos gravam vídeos ou tiram fotos de terno ou vestidos, o que se torna diferente da rotina do dia a dia, onde se apresentam de jaleco.
“O paciente digital pesquisa, desconfia e compara. A conexão com ele não vem de performance, mas de coerência.” — Cláudia Flehr
Esses dados revelam o que realmente importa para quem busca atendimento: conteúdo educativo, clareza e verdade. Não se trata de montar um personagem nas redes sociais, mas de se comunicar com responsabilidade, empatia e profissionalismo.
Leia mais em: O novo paciente da era digital.
Por que clínicas que não estão no digital perdem pacientes?
Médicos que não têm presença digital correm o risco de perder pacientes que estão, diariamente, buscando profissionais acessíveis, confiáveis e informativos. Ter um perfil no Instagram ou sua presença no Google Meu Negócio bem preenchida, pode ser o primeiro passo, mas o que constrói resultados sustentáveis é uma estratégia clara, coerente com atuação presencial e voltada para o que o paciente valoriza.
O que mais gera confiança no digital?
Ainda segundo os dados da pesquisa apresentada na live:
- 34% dos pacientes confiam mais em médicos que explicam com calma
- 29% valorizam profissionais que acompanham o histórico do paciente
- A escuta ativa também aparece, mas com menor peso, apenas 12%
Esses dados reforçam que o paciente quer presença e consistência, tanto no consultório quanto no digital. A confiança se constrói com pequenas atitudes, e isso começa no conteúdo que o médico publica.
Erros comuns dos médicos nas redes sociais
“O erro mais comum é o médico tentar parecer o que ele não é. Criar um personagem, fazer vídeos performáticos, perfis montados. O paciente percebe.” — Cláudia Flehr. O paciente não espera um influenciador, ele espera coerência entre o que vê na internet e o que encontra na consulta. Isso gera confiança e credibilidade. Além disso, pesquisas e práticas de mercado apontam outros equívocos comuns:
Focar somente no número de seguidores ou curtidas
Um estudo da RingRx destaca que muitas clínicas acreditam que seguidores são sinônimo de sucesso, mas o mais relevante é compartilhar conteúdo educativo que engaje e gere reconhecimento profissional.
Publicar conteúdos genéricos e pouco informativos
Profissionais de saúde são aconselhados a oferecer conteúdo valioso e específico como dicas de prevenção, condições crônicas e respostas a dúvidas comuns, em vez de materiais superficiais .
Copiar estratégias de outros médicos sem adaptar à própria realidade
A autenticidade é essencial: perfis padronizados e sem identidade clara podem prejudicar o vínculo com o público. A Birmingham Medical News alerta que “seu público consegue perceber a autenticidade, por isso ser fiel à sua marca é fundamental”.
Falta de alinhamento entre imagem digital e presencial
Estudos sobre autenticidade digital reforçam que estar presente nas redes com coerência, mostrar quem você realmente é, gera confiança. Afinal, pacientes valorizam médicos que demonstram transparência, honestidade e proximidade.
O que publicar para atrair pacientes online?
O que funciona para atrair pacientes online está diretamente ligado aos dados e à vivência clínica do dia a dia. Conteúdos educativos e explicativos, que tratam de temas da especialidade do médico com linguagem acessível, têm alto potencial de engajamento.
Quando o profissional utiliza seus canais para responder dúvidas frequentes, como orientações sobre exames, sintomas, condutas e rotinas de prevenção, ele se posiciona como uma fonte confiável e próxima. Vídeos curtos com temas práticos e atuais também contribuem para reforçar autoridade, principalmente quando abordam situações que o paciente pode viver na prática.
Durante a live com a eMed, Cláudia Flehr compartilhou o exemplo de um médico que publicou um vídeo sobre o rompimento silencioso de próteses de silicone. A abordagem foi clara, preventiva e embasada, o suficiente para viralizar nas redes e gerar grande repercussão positiva. Uma paciente chegou a citar o conteúdo como fator decisivo para escolher aquele profissional, comprovando que, mais do que performance, o que atrai pacientes é a utilidade real da informação aliada à postura ética e humana.
Leia também: 7 passos para melhorar a experiência do paciente.
Como escolher os canais certos para a sua clínica?
Você não precisa estar em todas as redes sociais. O mais importante é estar presente nos canais certos, onde seu paciente está e onde você consegue manter constância com qualidade.
Canais recomendados:
- Instagram: ótimo para mostrar rotina e criar autoridade
- Reels: conteúdos curtos, diretos e com alta taxa de entrega. Eles são ideais para atração e conexão com o público em um primeiro contato
- Google Meu Negócio: essencial para as pessoas que fazem buscas locais
- YouTube: ideal para conteúdos educativos com construção de autoridade a longo prazo
- WhatsApp: para relacionamento com pacientes
“Se você tem mil seguidores no Instagram, o algoritmo pode entregar seu post para 100 pessoas. Mas e se você também estiver no LinkedIn, YouTube ou blog? Seu alcance cresce e com ele, sua autoridade.” – Cláudia Flehr
Leia mais em: Sua clínica é uma empresa digital?
Como mensurar os resultados do marketing médico?
Nem sempre o sucesso aparece em curtidas. Resultados reais também estão em:
- Pacientes dizendo: “Te vi no Instagram”
- Colegas indicando seu perfil com base nos conteúdos
- Comentários, mensagens privadas e elogios presenciais
- Crescimento de visibilidade nos canais locais (Google)
“Um paciente pode nunca curtir seu conteúdo, mas te indicar para três amigos. Isso também é marketing. Só não aparece no gráfico.” — Cláudia Flehr
Planejamento, o primeiro passo para médicos que querem começar
Antes de criar uma conta nas redes ou contratar uma agência de marketing, o médico precisa ter clareza sobre sua intenção ao estar no digital. É fundamental refletir: qual é o meu objetivo com essa presença online? O que eu quero comunicar de verdade? Como desejo que o paciente se sinta ao me seguir e consumir meus conteúdos? Essas perguntas ajudam a construir uma base coerente entre imagem, propósito e rotina clínica.
Começar com o básico é o melhor caminho. O médico pode definir os temas que domina e transformar as dúvidas mais frequentes dos pacientes em conteúdos educativos e acessíveis. A comunicação deve estar alinhada com sua postura clínica: ética, didática e acolhedora. Além disso, é necessário ter constância, mesmo que com formatos simples, é o que constrói autoridade ao longo do tempo.
Conclusão: o marketing médico não é vaidade é cuidado
A presença digital deixou de ser uma vitrine opcional para se tornar parte essencial da prática médica moderna. Ela começa antes da primeira consulta e continua depois do atendimento, fortalecendo vínculos, educando pacientes e construindo autoridade com ética e consistência.
Se você ainda tem dúvidas sobre por onde começar, lembre-se: estar no digital não é sobre se expor, mas sobre se aproximar. O médico que comunica com propósito transforma informação em cuidado.